ROTEIRO DA PERFORMANCE
TÍTULO: RE-EXISTÊNCIA: O PROTESTO
LOCAL: Praça Veteranos da Guerra, Bairro: Jundiapeba, Cidade: Mogi das Cruzes – SP
HORA: 16H00
ARTISTA: THIAGO FERREIRA
INSTRUMENTOS E OBJETOS:
OBRAS UTILIZADAS: Poesia autoral de protesto contra LGBTFOBIA e RACISMO, canção “DAMIÃO” de Jussara Marçal e texto autobiográfico Re-Existência sobre a história e vida do artista
DURAÇÃO TOTAL: 12 minutos
ATO 1
O artista entra no Local acompanhado de um violonista que toca uma música dramática. Ele está amarrado em correntes se arrastando e declama uma poesia autoral de protesto contra a LGBTFOBIA e contra o RACISMO:
POESIA AUTORAL DE PROTESTO CONTRA LGBTFOBIA E RACISMO
O racismo e a LGBTFOBIA tentam nos matar todos os dias!
Matar a nível social,
Matar nossa cultura,
Matar nossa arte,
Matar nosso gosto pela vida a ponto de nos fazer acreditar que estamos no caminho errado.
O racismo e a LGBTFOBIA nos violentam, discriminam e excluem, tentando nos calar!
Nossa boca é silenciada,
Nossos corpos pretos censurados, marginalizados e não recomendados para a sociedade.
Nossa sexualidade é identificada sob o olhar do julgamento, do pecado e do nojo,
E logo nossos corpos são demonizados,
Jogados em valas profundas do abismo social.
A ignorância e o fundamentalismo religioso estão tentando nos matar!
Todos os dias acordo e penso o que vai ser hoje?
Uma bala perdida atravessada no peito?
Pessoas destruindo nossos templos?
Espancamento em praça pública?
Retirada dos nossos direitos?
Será que também vão arrancar meu coração?
Será que hoje no mercado o segurança vai me seguir no corredor, no simples ato diário de comprar um pão?
Será que vão reproduzir som de macaco na minha apresentação?
Será que vão me chamar de viado nojento, ou gritar “virar homem, meu irmão”?
Quando vai ser o dia da minha última canção?
E será esse dia que as pessoas vão me reconhecer como alguém que fez arte e cultura na região?
São tantas as incertezas,
Mas quero dizer aos racistas:
Vocês não passarão!
Quero dizer aos homofóbicos:
Vocês não vão impedir que os nossos corpos existam, vivam, lutem e resistam!
Quero dizer aos ignorantes que é lamentável que vocês não procurem conhecer a nossa cultura,
Que vocês não vejam beleza na diversidade e que não compreendam que cada ser humano é diferente do outro
Nós não vamos nos curvar para o racismo e para a LGBTFOBIA!
Seguiremos de cabeça erguida
Com orgulho de quem somos.
Vamos dançar as danças de nossos ancestrais,
Cantaremos canções que exaltam a nossa comunidade,
Vamos usar roupas que refletem nossa identidade,
Vamos lutar para ser quem somos, ocupar os espaços que merecemos, ressignificar nossas dores e reexistir nessa sociedade!
Não vamos calar a nossa voz, não!
Não vou me esconder
Não vamos calar a nossa voz, não!
O racismo não vai me calar
Não vamos a calar a nossa voz, não
R-E-V-O-L-U-Ç-Ã-O
Não vamos calar a nossa voz, não!
A homofobia não vai me calar
Não vamos calar a nossa voz, não!
R-E-V-O-L-U-Ç-Ã-O
No 25º verso na parte onde diz “Mas quero dizer aos racistas:”, ele começa a se libertar, quebrar as correntes. Por baixo das correntes e amarras ele está vestindo uma roupa que remete a símbolos da luta LGBTQIAPN+, do racismo e da intolerância religiosa. Ele termina a poesia pedindo REVOLUÇÃO com o braço direito erguido tal qual o símbolo da luta antirracista.
ATO 2
Em seguida, ele canta a canção Damião que fala sobre um espírito protetor de pessoas indefesas ou que são agredidas injustamente, pedindo ajuda ao espírito para que ele faça justiça. Enquanto canta, o artista interpreta a canção com gestos e expressões de ataque e raiva, representando a fúria do espírito protetor. Aqui o artista usa a fé como caminho da justiça quando a justiça dos homens falha:
CANÇÃO DAMIÃO
Dá neles, Damião!
Dá sem dó nem piedade
E agradece a bondade e o cuidado
De quem te matou
Dá neles, Damião!
E devolve o hematoma.
Bate mesmo, até o coma
Que essa raiva, passa nunca, não
Sangue e suor pelo vão.
Sentir mais a dor, vingar
Ver respingar o pavor
Quem bateu, levar
Dá neles, Damião!
Mesmo que peçam clemência
Faz que é tua essa demência
Faz pesar a consciência do plantão
Dá neles, Damião!
Mira no meio da cara
Dá com pé, com pau, com vara
Bate até virar a cara da nação
Sangue e suor pelo vão
Sentir mais a dor, vingar
Ver respingar o pavor
Quem bateu, levar
Dá neles, Damião!
Bate até cansar e quando cansar
Me chama
ATO 3
Por fim, o artista apresenta um texto autoral onde conta sua história de lutas e superações, interagindo com a plateia, mostrando que apesar dos desafios, do preconceito, do racismo e da homofobia, é possível vencer, mantendo a fé e cultivando o boas ações e amizades. O texto é um trecho do espetáculo “RE-EXISTENCIA: UMA PERFORMANCE DE MÚSICA, DANÇA E POESIA”, o mesmo espetáculo que foi apresentado na escola estadual Cid Boucault, onde o artista e sua equipe sofreram ataques de LGBTFOBIA, RACISMO E INTOLERANCIA RELIGIOSA. O artista cita esse fato no fim no texto, apresenta-o também como uma forma de protesto, mostrando ao público que a arte e cultura não podem ser caladas ou invisibilizadas na sociedade.